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Após ser fortemente afetada pelo coronavírus, a China se prepara para iniciar a fase pós-covid. Economias de todo o mundo estão de olho no comportamento do mercado chinês, já que o país asiático é o principal destino de exportações e importante parceiro comercial do Brasil. Durante o primeiro trimestre de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) da China teve retração de 6,8%, a primeira em quase 30 anos.

O governo de Xi Jinping tem o plano de iniciar uma reforma agrícola no país, investindo em políticas públicas que priorizem o desenvolvimento do agronegócio nacional. A intenção é reduzir a dependência externa do país por alimentos como carne e soja, por exemplo.

Alguns fatores, em contrapartida, podem beneficiar o Brasil nesse cenário. No mês passado, a China suspendeu importações de carne bovina junto aos quatro maiores processadores de carnes da Austrália, após autoridades locais terem pedido investigação independente sobre as origens do coronavírus.

Para o professor de Economia Chinesa do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Roberto Dumas, o recente surto de peste suína africana (PSA), que dizimou boa parte do rebanho chinês, pode alavancar o mercado brasileiro.

“Houve problema da febre suína. Eles precisam desesperadamente de proteína animal. O governo chinês soltou um decreto em que os porcos na China são criados nos quintais. Dado que [a peste suína] veio dessa falta de higiene no trato e na criação dos porcos, o governo chinês falou que os porcos deveriam ser alimentados de forma diferente. Tem de ser alimentados com soja e farelo de soja. O Brasil exporta soja e pode se beneficiar com isso”, exemplifica. 

“A China está indo no caminho certo em melhorar a sua produtividade nacional, mas isso é um longo caminho. Vai uns três, quatro anos ainda. É difícil melhorar a produtividade de forma que pare de precisar de um parceiro de importação [como o Brasil]”, completa Dumas. 



Pesquisa

Com base em dados de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) projetou que, mesmo com a crise causada pela pandemia do coronavírus, o setor agropecuário brasileiro deve registrar crescimento de 2,5% neste ano.

Segundo o Ipea, as exportações de produtos agropecuários tiveram aumento de 7% de janeiro a abril, na comparação com o mesmo período do ano passado. A cana-de-açúcar é a cultura que pode sofrer maior impacto em virtude da crise e da redução do preço internacional do petróleo: queda de 1,9%. 

Ao analisar possíveis cenários de impacto da covid-19 sobre a demanda por produtos agropecuários em 2020, o IPEA estima que haverá crescimento de 1,3% no PIB agropecuário, apesar da possibilidade de recuo da demanda.

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“Deve haver uma recuperação muito grande da exportação de bovinos para a China. Há um crescimento muito forte também de outras proteínas animais, como suínos, frangos, não só para a China, mas também para a Arábia Saudita. O mercado internacional tende a auxiliar bastante na recuperação da produção da pecuária brasileira”, ressalta o economista e pesquisador do IPEA, Fábio Servo. 

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