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O receio da infecção pelo novo coronavírus tem impactado diretamente os bancos de sangue de todo país. Dados do Ministério da Saúde mostram que, com medo da contaminação, a população tem doado menos durante a quarentena. 

Segundo informações oficiais, foi necessário que a pasta transferisse 1,6 mil bolsas de sangue entre os estados brasileiros para atender a demanda somente neste ano. O número é quase quatro vezes maior ao de 2019, quando 471 bolsas de sangue foram realocadas pelo Ministério da Saúde, responsável pela chamada mobilização de hemocomponentes.

Para incentivar novas doações em meio à pandemia, a pasta lançou a campanha Seja solidário, doe Sangue no Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho.

Sandra Esposti, médica da Fundação Pró-Sangue, hemocentro estadual de São Paulo, afirma que desde o início da quarentena os estoques não apresentam o nível ideal para atender aos pacientes.

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“Tivemos uma queda muito grande, por volta de 40% a 50% das bolsas que coletávamos. O impacto é muito grande porque acabamos tendo sangue suficiente só para dois ou três dias. Isso é muito ruim. A cada dia temos uma surpresa, precisamos ter mais fôlego. Precisamos de bolsas para ter mais dias de uso”, afirma a especialista. 

Esposti ressalta que a doação de sangue é a única forma de salvar vidas daqueles que precisam, e, exatamente por isso, deve continuar mesmo durante a pandemia. Em março, o pedido já havia sido feito pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A médica homoterapeuta explica que os hemocentros do país passaram adotar protocolos sanitários rígidos para evitar a contaminação pelo coronavírus e permitir que tanto novos doadores como os regulares doem de forma segura.  

“Existe todo um cuidado que é feito com distanciamento, higienização, agendamento para que não haja excesso de pessoas. As cadeiras estão separadas ou isoladas para que as pessoas fiquem longe uma das outras. Temos esses cuidados”.  


Esposti relata que os tipos sanguíneos negativos estão frequentemente em situação mais crítica. Ela diz ainda que quando o tema é tratado pela mídia, o fluxo chega a se intensificar, mas momentaneamente e sem se aproximar do número de doações anterior à covid-19.  

A representante da Fundação Pró-Sangue reforça o apelo pelas doações. “Temos pacientes, sejam os que vão fazer cirurgias, que agora estão limitadas mas ainda ocorrem, ou os oncológicos. Pacientes que têm leucemia, câncer, que precisam fazer cirurgia cardíaca de urgência ou cirurgias por acidentes. Os pacientes continuam precisamos e por isso precisamos que as pessoas continuem doando independente da pandemia que vivemos”. 

De acordo com o Ministério da Saúde, as bolsas de sangue coletadas no Brasil caíram 2,5% nos últimos quatro anos, Em 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) coletou cerca de 3,2 milhões de bolsas de sangue contra aproximadamente 3,35 milhões de bolsas em 2016.

Solidariedade

Até maio deste ano, hemocentros em todo país era eram proibidos pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde de realizar a coleta de sangue de homossexuais.

Entretanto, após décadas de críticas e campanhas da população LGBT, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a restrição, considerando a medida inconstitucional e discriminatória. 

Considerada uma vitória histórica, o coletivo LGBT Sem-terra e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), elaboraram uma guia de orientações para doação de sangue pela comunidade LGBTI+.  

Para incentivar as doações durante o momento crítico da pandemia, a campanha “Sangue LGBT Salva Vidas”, que conta com a participação das organizações citadas, tem realizado e incentivado mutirões.  

Pablo Neri, integrante do coletivo LBGT Sem-Terra, conta que as doações no Pará aconteceram em Marabá e na capital Belém. 

“Fazemos essa campanha porque é muito importante e muito gratificante para nós, podermos nos assumir LGBT. Ir com nossos companheiros e  companheiras do nosso lado, para segurarem nossa mão enquanto fazemos essa doação. Que é uma doação pela vida”, declara.

Reforçando que “sangue bom é sangue sem preconceito”, ele comemora que os mutirões estejam mobilizando dezenas de LGBTS em estados como Maranhão, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, entre outros.

Com cinco anos de existência, Neri declara que a campanha do coletivo LGBT Sem Terra carrega a prática de solidariedade intrínseca ao próprio Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). 
 
“Somos um movimento que luta pela transformação social. Sempre que ocupamos a terra, é questionando a propriedade privada, é questionando a posse desse imóvel, mas é pela construção de outra sociedade. E isso passa pela solidariedade”. 

Quem pode doar?

No Brasil, indivíduos entre 16 e 69 anos podem doar sangue. É preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. Para os menores de 18 anos é necessário o consentimento dos responsáveis. 

Já para aqueles com mais de 69 anos, a doação só é permitida se a pessoa doou antes dos 60. 

O doador deve estar descansado, bem alimentado e não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à. No dia, é imprescindível levar documento de identidade com foto.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, são considerados doadores inaptos para a doação de sangue por um período de 30 dias aqueles que apresentarem sintomas respiratórios e febre. Aqueles que tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados da covid há menos de um mês, também não podem realizar a doação. 

Segundo o Ministério da Saúde, uma doação pode salvar até quatro vidas. Para Sandra Esposti, médica da Fundação Pró-Sangue, essa é a mensagem que não pode ser esquecida pela população neste momento. 

“Esperamos que as pessoas se conscientizem, que possam ser altruístas, que elas consigam nos trazer essas bolsas, que estão sendo muito importantes para quem está precisando”, finaliza a especialista.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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